Vivemos num universo dual. Para qualquer coisa que possamos
imaginar, existirá o seu extremo oposto: o bem e o mal; o bonito e o feio; o
macho e a fêmea; o preto e o branco; o claro e o escuro; e assim por diante.
Enfim, para qualquer coisa existente nesse Universo, pressupõe-se a existência
do seu oposto complementar. Assim, não é de se espantar que nós mesmos, como
indivíduos únicos, também possamos possuir ambos os extremos. Somos seres duais
e precisamos encontrar nosso ponto de equilíbrio.
Muitas vezes a busca por este equilíbrio ocorre através de
experiências dolorosas ou que nos desafiam, mas é dessa forma que chegamos a
nos conhecer melhor, a saber o que desejamos e a como conquistá-lo, justamente
porque ainda não temos consciência deste processo.
Já que somos seres duais, obviamente possuímos dois lados
extremos: o lado luminoso ou o “lado bom”; e o lado sombrio ou o “lado mau”. É
muito curioso observarmos que a grande maioria das pessoas prefere jamais
enxergar o lado sombrio das coisas, quanto mais delas próprias. Elas temem o
“Mal” e não percebem que ele é apenas a extremidade oposta do ”Bem”. Ambos se
complementam. Um jamais existiria sem o outro. O assim chamado “Mal” serve a um
grande propósito. O julgamos apenas porque ele parecer ser ruim, até que
descobrimos que nós mesmos somos nossos próprios inimigos. Para que possamos
chegar a um equilíbrio de forças se torna necessário, antes de mais nada,
reconhecer que todos nós possuímos esse lado escuro em nossas personalidades. O
mais irônico nisso tudo é o fato de que tudo aquilo que preferimos não observar
é o que controla nossas vidas.
O estado de unidade consigo mesmo não sugere perfeição, onde
só deveriam ser incluídos os aspectos “bons” da natureza humana. Pelo
contrário, sugere integração total, onde cada qualidade humana - positiva ou
negativa - tem seu lugar e está harmonicamente contida dentro do todo. A
natureza do conflito “luz” e “trevas” não é boa nem má; é necessária ao
desenvolvimento, pois é através dela que conseguimos, eventualmente, ampliar e
integrar nosso “eu” total. A dualidade humana é muito perturbadora, no sentido
de que fingimos não perceber que tudo aquilo que se encontra na luz projeta uma
sombra escura. O Bem e o Mal, quer ou não existam objetivamente, são impulsos
exteriores do pensamento humano consciente e inconsciente, ambos vivem dentro
do indivíduo e não no mundo fora dele, e
antes de serem dois inimigos eternos, devem ser encarados e definidos como duas
faces de um único indivíduo. Na verdade, aquilo que consideramos ser “Mal” não
é senão a nossa ignorância acerca dos valores e qualidades do nosso “eu” total,
e também da nossa tendência de nos retalharmos em pedacinhos, a maioria dos
quais jogamos fora e acreditamos que estamos livres deles porque não os
aprovamos. Por isso torna-se tão
necessário o autoconhecimento.
O primeiro passo para o autoconhecimento é compreender que
somos responsáveis por nossas ações. Tudo o que acontece em nossas vidas é
criado pela força de nossos pensamentos. Alegria ou Dor, Vitória ou Queda, Amor
ou ódio, nada acontece sem que tenha sido idealizado e posto em movimento pelo
pensamento. Durante toda a nossa vida criamos o nosso mundo de acordo com
nossos padrões de pensamento, que por sua vez produzem uma realidade exterior.
Misteriosamente as experiências que enfrentamos são atraídas para nós pelo
poder de nosso próprio pensamento e embora não saibamos ao certo de que forma o
interior e o exterior podem se refletir mutuamente, sabemos que isso acontece
na vida de todas as pessoas.
Essa é nossa primeira grande lição: aprender a nos tornarmos
responsáveis por nossos próprios atos e por aquilo que eles criam. Enquanto não
nos tornamos conscientes de determinadas características que possuímos
encontraremos pessoas ou situações que as reflitam ou as vivam por nós. E
continuaremos vivendo num mundo de Trevas. Toda a realidade externa é reflexo
de nosso mundo interno, porque é da Lei que o Equilíbrio deva existir. Se hoje
vivemos num mundo de injustiça, violência e desigualdade, é porque ainda não
reconhecemos tudo isto dentro de nós. E assim, o equilíbrio se processa.
Por isto é imprescindível o autoconhecimento. Quando
estivermos completos em nós mesmos, deixaremos de lado a necessidade de
projetar externamente nosso lado obscuro, nos tonaremos senhores de nossas
próprias ações, de nosso próprio destino. E Luz e Trevas, Bem e Mal, estarão
integrados em nós, sairemos do mundo ilusório da dualidade para a Verdadeira
Unicidade.
Por Cristina Lessa Cereja
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