Claramente
observamos hoje a sociedade passando por profundas transformações. Revendo os
ciclos evolutivos da humanidade, constatamos, nas repetidas vezes, que o caos
sempre antecedeu a ordem e o equilíbrio. A falência de qualquer filosofia, na
qual se baseia toda e qualquer estrutura social, é o sinal promissor de que
mudanças graves anunciam o despertar de uma nova consciência, de uma nova
civilização emoldurada sob novas concepções, que derivam da análise subjetiva
dos recentes fatos.
Estamos
em meio a um conflito de ideologias e valores. Por um lado, o apego excessivo
às concepções materialistas, que resultam do desespero inconsciente de uma
coletividade ainda impulsionada pela ganância, pela disputa e pelo egocentrismo
excessivo, enceguecida pelo descaso e destruída pela negação de seus próprios
sentimentos. O advento da visão materialista, matemática e racionalista de
Descartes, surgida em meados do Séc. XVII e adotada até os nossos dias,
tornou-se uma das maiores filosofias aniquiladoras na qual se estruturou o
homem moderno. O culto à matéria impôs-nos a máscara do ceticismo, promovendo um
imenso desequilíbrio, que chega agora ao ápice de seu imenso poder destruidor.
O materialismo, ao invés de nos impulsionar ao progresso humano – não se nega
aqui o tecnológico e o científico – transformou o saber e a força num
superficial fábrica de futilidades e comodismos.
O
conhecimento alcançado pelo excessivo valor ao mental tornou-se um poderoso
arsenal de violência e força destrutiva. Sentimos em consequência, o terrível
vazio que habita em nós. É a carência de diretrizes morais, que nos tornam
incapazes de gerir este grande poder. E, sem controle, ele se constitui em
nossas mãos inábeis, por meio de nossa psique primitiva e imatura, um
instrumento de destruição coletiva. Isto o mundo já presencia. E hoje, com mais
intensidade. Mas isso não nos basta, porque continuamos a repetir os mesmos
padrões, pela fome insana de poder que jamais será suprida.
Estamos
no “Final dos Tempos”, onde a loucura e a irresponsabilidade tornaram-se o
estopim de um estado de barbárie coletiva. Instalam-se o medo, o terror, as
guerras, as crises econômicas e políticas mundiais, como constatação da
involução moral causada pela visão distorcida da concepção materialista, em
todas as estruturas das organizações sociais, sem exceção.
Tudo
isso é observável: A falência do materialismo; o insucesso de suas ideologias.
Mas não basta ao homem o apelo ao terror que inspira a perspectiva da
autodestruição. Não basta apelar ao senso de utilitarismo ou de preservação. E
é então, que do caos e do desespero, surge o germe da mudança. O impulso na
direção oposta, que apela ao equilíbrio das forças contrárias. O impulso que se
constata na reação das massas que se consolam novamente em busca da Fé perdida,
da essência espiritual da alma renegada aos porões da existência.
Não
se trata aqui de fanatismos ou concepções salvacionistas. Trata-se da urgência
pelo equilíbrio. Algo de imenso e novo certamente há de maturar. Estamos no
berço de uma nova civilização, que surge timidamente das massas cansadas do
sofrer e das injustiças. Renovação que se inicia no clamor das multidões, porém
sem alarde, sem propaganda, sem armas, sem conflitos. Estamos vendo o
nascimento do homem espiritual. Resgatamo-nos agora do abismo trevoso no qual
enterramos nossos sentimentos e nossa pureza.
Espera-se
somente que o novo homem a surgir seja suficientemente inteligente para
compreender a enorme vantagem que pode vir a beneficiar a todos sem distinção,
da valorização do fator moral e anímico na vida social, porque só assim se podem
obter paz, confiança, segurança e igualdade. Mas podemos argumentar que esse
novo “Homem de Bem” – consciente e justo – é e sempre será uma utopia. Mas é justamente
a história que sempre nos revela que a utopia de hoje se torna a verdade do
amanhã.
Espera-se
que a nova humanidade se consolide em bases morais mais puras. Toda evolução
impõe novas formas de luta e concepções mais elevadas. A vida inegavelmente
caminha para a formação de grandes unidades, em que são imprescindíveis ao
caráter coletivo a compreensão e a colaboração, para que uma cultura de Paz e
Tolerância, relativa a todas as diversidades culturais, possa se estabelecer e
impulsionar uma Nova Era de harmonia e progresso, onde a razão e o espírito se
unam e se equilibrem na conformação de um Novo Mundo.
Por Cristina Lessa Cereja
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