sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Em que estou melhorando?

Por que não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço". Paulo (Romanos, 7:19)

Em que estou melhorando? Quais conquistas interiores, mesmo de pouca expressão, já consegui?

Via de regra, buscamos valorizar, tão somente, os largos passos que já demos e nos esquecemos de que, no caminho evolutivo, a renovação é feita de pequenos sucessos, às vezes imperceptíveis para nós, mas que se destacam para aqueles que convivem conosco.

Os grandes obstáculos superados só aconteceram, porque já nos municiamos, intimamente, para conseguir esse feito. Essa conquista representa, entretanto, a soma de pequeninas vitórias que nos permitiram, através do fortalecimento da nossa vontade e da nossa fé, superar essas dificuldades maiores com maior coragem.

Muitos daqueles que convivem conosco perguntam como podem, eles também, conquistar essa aquisição espiritual. Ermance Dufaux responde, dizendo que: "A única postura que nos assegurará a mínima certeza de que algo estamos realizando em favor de nossa ascensão espiritual, na carne ou fora dela, é a continuidade que damos a projetos de renovação que idealizamos. Os obstáculos serão incessantes até o fim da existência, não nos competindo nutrir expectativas com facilidades mas sim a coragem e o otimismo indispensáveis para vencer um desafio após o outro".

E para não desistirmos, para não abandonarmos esses projetos é que necessitamos de Jesus para nos amparar e nos encorajar na continuação de nossas lutas. Os convites contidos em seus ensinamentos são um alerta constante para compreendermos a necessidade de renovação na nossa forma de pensar e de agir em relação ao outro, pois, ainda, não entendemos o que fazem o bem e a caridade, posto que, também, ainda, não entendemos esses ensinamentos na sua essência.

Essa dificuldade é natural por não conseguirmos nos libertar, no momento evolutivo em que nos encontramos, do egoísmo e do orgulho que nos fazem pensar no "eu quero" e no "eu tenho", vivenciando com essas atitudes nossos caprichos e desejos infantis. Daí a desvalorização ou a não observação dos pequenos avanços que fazemos em direção às conquistas espirituais mais elevadas.

Mas, como tudo caminha em direção ao Pai, também nós estamos caminhando e dia virá em que tudo isso terá ficado para trás, assim como ficou a nossa infância física. Nesse momento, é importante entendermos que sendo a caridade uma expressão do Amor, ela deverá ser mais extensa dentro de nós, isto é, deve abranger todas as manifestações da nossa vida.

A caridade sendo uma expressão do Amor torna-se, para nós, o mais valioso recurso para iniciarmos essa conscientização. Ela não deve ser restrita a algumas atitudes, mas deve abranger todas as manifestações da nossa vida.

Encontramos algumas pessoas cordatas e calmas dentro de uma casa de oração, ou numa reunião social, ou mesmo dentro do seu ambiente de trabalho e, no entanto, aborrecem-se em seus lares, porque as coisas não acontecem conforme seus caprichos ou desejos. Será que poderemos nos identificar com essas pessoas?

Lembra-nos Emmanuel que quando estendemos a mão e distribuímos ajuda material, já estamos iniciando a prática da caridade, mas que não devemos nos esquecer - colocando em prática os ensinamentos de Jesus - que existe também caridade no ouvir e no calar; existe caridade no impedir e no favorecer; que podemos ser caridosos no esquecer - pelo perdão às ofensas recebidas - e no recordar - pela gratidão aos benefícios dos quais fomos alvos.

A nossa própria evolução fará com que aprendamos a conciliar nossa boca, nosso ouvido, nossos pés e nossas mãos com o trabalho no bem, sem qualquer exigência. Sem perguntar a quem ajudamos, qual é sua crença religiosa, ou sua classe social, sua escolha política, como nos explica Jesus na Parábola de Bom Samaritano. Jesus veio para nos ensinar esse amor. Sentimento que altera nosso comportamento e nossos valores.

No capítulo 15 de "O Evangelho Segundo o Espiritismo", encontramos uma passagem muito significativa sobre a caridade, segundo o Apóstolo Paulo. Está em uma carta que ele escreveu a um dos povos da Ásia. Em determinado trecho, diz que mesmo que ele falasse as línguas dos homens e dos anjos, mesmo que pudesse conhecer todos os mistérios, que tivesse toda fé que pudesse transportar montanhas - conforme ensinou Jesus - se não tivesse caridade em seu coração, não seria nada. Lembra, ainda, que entre as três virtudes: a fé, a esperança e a caridade, a caridade é a maior delas. Afirma isso, porque ela está ao alcance de todos, do ignorante e do sábio, do rico e do pobre, porque independe de crenças particulares. É por essa razão que uma das bandeiras do Espiritismo é: "fora da caridade não há salvação", porque se apóia num princípio universal.

Todavia, qualquer renovação pretendida é um trabalho que terá de obedecer a uma seqüência, pois as "viciações do ego repetido durante várias experiências corporais e que cristalizaram a mente" (4) nos domínios do orgulho exagerado, farão com que, inúmeras vezes, tenhamos que recomeçar, revendo caminhos, escolhas, atitudes. E, muitas vezes, ainda, cairemos no desânimo ao perceber quão pouco avançamos. O nosso orgulho nos dará uma leitura ilusória da nossa capacidade de vencer os obstáculos em direção à renovação.

Supondo que somos mais capazes que os outros para realizarmos mais rapidamente essas novas aquisições, poderemos cair, como efetivamente, caímos, na dura realidade de que precisamos primeiro nos compreender de maneira transparente; depois nos aceitar, detectando, em nós, as expressões do orgulho e do egoísmo, que tanto nos surpreendem, para depois, em terceiro lugar, aprendermos a lidar com elas.

Não tenhamos pressa! É verdade que muito ainda temos que caminhar, mas também, é verdade que muito já avançamos.

A formação do homem de bem é a meta fundamental da doutrina dos Espíritos e Jesus nos convida, constantemente, a essa busca. Necessitamos para isso de uma vontade ativa, ou seja, de fazermos o bem e não somente desejá-lo para nós e para os outros (qualidade positiva) e de compreendermos que não basta, tão somente, deixarmos de fazer o mal - a inércia e a negligência estão na base dessa atitude (qualidade negativa) - mas que é preciso fazer o bem.


Todos, pois, que praticam a caridade, em qualquer uma de suas manifestações, são discípulos de Jesus, qualquer que seja o culto a que pertençam.

Por Leda Flaborea

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