Podemos afirmar com segurança que a grande maioria dos
problemas que fazem o ser humano sofrer são oriundos de sentimentos
desequilibrados. Não falamos apenas teoricamente, esta é uma verdade comprovada
por fatos colhidos ao longo de muitos anos de observação e estudo a respeito
dos problemas humanos. Quando se fala em sentimento, estamos nos referindo aos
verdadeiros sentimentos que nós precisamos continuamente desenvolver ao longo
da vida, para podermos desfrutar da verdadeira felicidade. Não podemos confundi-los
com o emocionalismo, que é um estágio no desenvolvimento dos sentimentos, por
mais elevado que possa parecer a princípio. Em todo este longo processo de
aprendizado, a Divindade nos oferece um excelente campo de provas: os
relacionamentos.
Cada um de nós possui uma forma de sentir, que não é melhor
nem pior que as outras, mas talvez mais ou menos adequadas à forma de sentir do
outro. Mas o importante não é a forma de sentir, mas sim o porquê. Muitas vezes
nos questionamos o motivo de amarmos, e na maioria das vezes a resposta recai
naquele velho jargão: “O amor é cego!”. Não pode existir motivo mais errado do
que amar por “cegueira”. Esta é uma grande mentira que encobre os verdadeiros
sentimentos e faz com que continuemos muitas vezes levando adiante
relacionamentos que só nos trazem infelicidade. Na verdade, o amor não é cego.
As pessoas que amam por impulso é que são cegas, e esse sentimento, que pensam
ser amor, nada mais é do que paixão. Esta sim é cega! Todo relacionamento baseado
na paixão torna-se volátil, passageiro e vazio de conteúdo. A paixão nos ilude com as aparências para
depois nos desiludir com a realidade. Não é por acaso que cresce abundantemente
o número de separações e divórcios no mundo. Todos os dias vemos esse sentimento
equivocado que parecia um grande amor se transformar em ódio.
O verdadeiro amor é um conjunto de sentimentos que sobrevive
a tudo, inclusive ao esfriamento da paixão! O verdadeiro amor é incondicional,
não faz exigências, não quer controlar e mudar o outro, respeita a
individualidade do parceiro, com suas qualidades e defeitos. Num relacionamento amoroso é necessário
identificar-se, conectar-se e estabelecer pontes firmes entre duas individualidades
que, por natureza, são diferentes. Numa relação amorosa deve existir
identificação psicológica e a auto realização, e não apenas realização física e
instintiva. O acontecimento do amor integral vem acompanhado do exercício de
qualidades superiores tais como autocontrole, autoconsciência, sinceridade
afetiva, diálogo, confiança e inclusive vontade. O amor é perdão, compreensão e
renúncia. Sem esses ingredientes, não existe o amor. O verdadeiro amor eleva e
ilumina. Este é o amor que precisamos desenvolver!
Quem nunca ouviu falar do “amor à primeira vista”? Na
verdade, quando duas pessoas se encontram e imediatamente surge entre elas um
amor verdadeiro, ocorre uma espécie de identificação ou reconhecimento
espiritual, não significando que esse amor nasceu naquele momento, mas que, com
certeza, foi construído algum dia no passado, em vidas pregressas, através de
uma série de encontros e desencontros. Ao contrário da paixão, o verdadeiro
amor transcende as aparências e supera os obstáculos, consolidando-se em uma
convivência feliz, apesar das adversidades. Aqueles que amam de verdade se
realizam quando conseguem promover a felicidade de quem amam. O verdadeiro amor
coloca, acima dos próprios direitos, os direitos da pessoa amada. Um amor desse
porte é indestrutível, supera o orgulho e as paixões que possam prejudicá-lo. É
esse amor que se perpetua na eternidade! Supera os interesses materiais e
físicos, para consolidar-se no espírito eterno.
Até agora falou-se apenas do amor entre um homem e uma
mulher, porém é esse mesmo amor que um dia vai prevalecer entre todos nós. A
vida é uma grande mestra! Todos os dias, através de circunstâncias que fogem ao
nosso controle, ela nos ensina a caminharmos na direção do amor ideal. Os
desencontros, a ingratidão e as decepções são materiais didáticos que nos
proporcionam a oportunidade de ensaiarmos esse amor. Por isso, podemos afirmar,
com segurança, que o casamento e a constituição da família são um valioso
laboratório para desenvolvê-lo. É na convivência familiar que ocorrem os
reencontros mais importantes entre os espíritos em evolução. Na maioria dos
casos, são espíritos que se reúnem para exercitarem entre si o perdão, a fim de
apagarem as marcas dos desencontros e conflitos vividos em encarnações
passadas. É nesse convívio, muitas vezes difícil, através de atitudes de
compreensão, tolerância e do exercício constante do perdão, que os espíritos
envolvidos podem vir a consolidar o verdadeiro amor.
Todo aprendizado é difícil. Exige de nós constância,
persistência, perseverança e abertura. E com o amor não é diferente. Do
primitivo instinto animal à razão humana, e da razão ao sentimento: etapas
evolutivas de nossa consciência. Viemos a este plano de vida para aprender a
Amar. Este é o objetivo principal de nossa estadia na Terra. Somente com o
desenvolvimento do Amor sairemos do estado de rudeza moral para um estado
superior de supra humanidade, onde todos os atributos divinos de harmônica
convivência podem ser experimentados. Por isso, honremos com gratidão cada
pessoa que cruza nosso caminho de Vida. Certamente Deus as coloca ao nosso lado
para que possamos aprender a Amar, e dessa forma nos tornarmos seres humanos
melhores para nós mesmos e para o TODO.
Por Cristina Lessa
Cereja
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