segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Exercitando o Amor


Podemos afirmar com segurança que a grande maioria dos problemas que fazem o ser humano sofrer são oriundos de sentimentos desequilibrados. Não falamos apenas teoricamente, esta é uma verdade comprovada por fatos colhidos ao longo de muitos anos de observação e estudo a respeito dos problemas humanos. Quando se fala em sentimento, estamos nos referindo aos verdadeiros sentimentos que nós precisamos continuamente desenvolver ao longo da vida, para podermos desfrutar da verdadeira felicidade. Não podemos confundi-los com o emocionalismo, que é um estágio no desenvolvimento dos sentimentos, por mais elevado que possa parecer a princípio. Em todo este longo processo de aprendizado, a Divindade nos oferece um excelente campo de provas: os relacionamentos.

Cada um de nós possui uma forma de sentir, que não é melhor nem pior que as outras, mas talvez mais ou menos adequadas à forma de sentir do outro. Mas o importante não é a forma de sentir, mas sim o porquê. Muitas vezes nos questionamos o motivo de amarmos, e na maioria das vezes a resposta recai naquele velho jargão: “O amor é cego!”. Não pode existir motivo mais errado do que amar por “cegueira”. Esta é uma grande mentira que encobre os verdadeiros sentimentos e faz com que continuemos muitas vezes levando adiante relacionamentos que só nos trazem infelicidade. Na verdade, o amor não é cego. As pessoas que amam por impulso é que são cegas, e esse sentimento, que pensam ser amor, nada mais é do que paixão. Esta sim é cega! Todo relacionamento baseado na paixão torna-se volátil, passageiro e vazio de conteúdo.  A paixão nos ilude com as aparências para depois nos desiludir com a realidade. Não é por acaso que cresce abundantemente o número de separações e divórcios no mundo. Todos os dias vemos esse sentimento equivocado que parecia um grande amor se transformar em ódio.

O verdadeiro amor é um conjunto de sentimentos que sobrevive a tudo, inclusive ao esfriamento da paixão! O verdadeiro amor é incondicional, não faz exigências, não quer controlar e mudar o outro, respeita a individualidade do parceiro, com suas qualidades e defeitos.  Num relacionamento amoroso é necessário identificar-se, conectar-se e estabelecer pontes firmes entre duas individualidades que, por natureza, são diferentes. Numa relação amorosa deve existir identificação psicológica e a auto realização, e não apenas realização física e instintiva. O acontecimento do amor integral vem acompanhado do exercício de qualidades superiores tais como autocontrole, autoconsciência, sinceridade afetiva, diálogo, confiança e inclusive vontade. O amor é perdão, compreensão e renúncia. Sem esses ingredientes, não existe o amor. O verdadeiro amor eleva e ilumina. Este é o amor que precisamos desenvolver!

Quem nunca ouviu falar do “amor à primeira vista”? Na verdade, quando duas pessoas se encontram e imediatamente surge entre elas um amor verdadeiro, ocorre uma espécie de identificação ou reconhecimento espiritual, não significando que esse amor nasceu naquele momento, mas que, com certeza, foi construído algum dia no passado, em vidas pregressas, através de uma série de encontros e desencontros. Ao contrário da paixão, o verdadeiro amor transcende as aparências e supera os obstáculos, consolidando-se em uma convivência feliz, apesar das adversidades. Aqueles que amam de verdade se realizam quando conseguem promover a felicidade de quem amam. O verdadeiro amor coloca, acima dos próprios direitos, os direitos da pessoa amada. Um amor desse porte é indestrutível, supera o orgulho e as paixões que possam prejudicá-lo. É esse amor que se perpetua na eternidade! Supera os interesses materiais e físicos, para consolidar-se no espírito eterno.

Até agora falou-se apenas do amor entre um homem e uma mulher, porém é esse mesmo amor que um dia vai prevalecer entre todos nós. A vida é uma grande mestra! Todos os dias, através de circunstâncias que fogem ao nosso controle, ela nos ensina a caminharmos na direção do amor ideal. Os desencontros, a ingratidão e as decepções são materiais didáticos que nos proporcionam a oportunidade de ensaiarmos esse amor. Por isso, podemos afirmar, com segurança, que o casamento e a constituição da família são um valioso laboratório para desenvolvê-lo. É na convivência familiar que ocorrem os reencontros mais importantes entre os espíritos em evolução. Na maioria dos casos, são espíritos que se reúnem para exercitarem entre si o perdão, a fim de apagarem as marcas dos desencontros e conflitos vividos em encarnações passadas. É nesse convívio, muitas vezes difícil, através de atitudes de compreensão, tolerância e do exercício constante do perdão, que os espíritos envolvidos podem vir a consolidar o verdadeiro amor.

Todo aprendizado é difícil. Exige de nós constância, persistência, perseverança e abertura. E com o amor não é diferente. Do primitivo instinto animal à razão humana, e da razão ao sentimento: etapas evolutivas de nossa consciência. Viemos a este plano de vida para aprender a Amar. Este é o objetivo principal de nossa estadia na Terra. Somente com o desenvolvimento do Amor sairemos do estado de rudeza moral para um estado superior de supra humanidade, onde todos os atributos divinos de harmônica convivência podem ser experimentados. Por isso, honremos com gratidão cada pessoa que cruza nosso caminho de Vida. Certamente Deus as coloca ao nosso lado para que possamos aprender a Amar, e dessa forma nos tornarmos seres humanos melhores para nós mesmos e para o TODO.

Por Cristina Lessa Cereja

Nenhum comentário:

Postar um comentário