Toda palavra proferida possui um enorme efeito externo.
Devemos estar sempre atentos e vigilantes quanto àquilo que dizemos, e à forma
como dizemos. Muitas vezes, através da palavra impensada, agressiva ou
imprudente, criamos situações embaraçosas e aborrecimentos indesejáveis,
acabando por magoar ou mesmo criar inimizades. Ao contribuirmos na criação de
tais sentimentos, estas vítimas de nossa
própria imprudência passam a gerar pensamentos negativos que são direcionados
na maioria das vezes de forma inconsciente contra nós mesmos, atuando contra a
nossa própria felicidade.
André Luiz, espírito que ficou conhecido através da
mediunidade de Chico Xavier, em seu primeiro livro - "Nosso Lar" -
nos conta que, após reclamar por ter sido considerado um suicida, recebeu do
benfeitor, entre outros, o seguinte esclarecimento: "A moléstia talvez não
assumisse características tão graves, se o seu procedimento mental no planeta
estivesse enquadrado nos princípios da fraternidade e da temperança.
Entretanto, seu modo especial de conviver, muitas vezes exasperado e sombrio,
captava destruidoras vibrações naqueles que o ouviam. Nunca imaginou que a
cólera fosse manancial de forças negativas para nós mesmos? A ausência de
autodomínio, a inadvertência no trato com os semelhantes, aos quais muitas
vezes ofendeu sem refletir, conduziam-no frequentemente à esfera dos seres
doentes e inferiores. Tal circunstância agravou, de muito, o seu estado físico”
. Lembremos ainda as sábias palavras de nosso Mestre Maior: “O Mal não é que entra
pela boca, mas o que sai dela”.
Mesmo quando apoiados na razão e na Verdade, é necessário
medir nossas palavras. Jesus, nosso exemplo maior, sempre foi dócil e amável,
mesmo sendo o portador da Verdade. Sabia silenciar quando necessário, sabia
como proferir um ensinamento, e utilizava as palavras com sabedoria. Jamais
julgava ou agredia, mas nunca deixou de dizer aquilo que devia, demonstrando
sempre impetuosidade, coragem e determinação. A verdade não existe para
destruir e ferir, mas sim, para esclarecer, para abrir a consciência, mostrar
novos caminhos e estimular o desenvolvimento da inteligência e da criatividade,
operando dentro das mentes uma transformação que irá libertá-las do cárcere
intelectual em que se encontram. Em outras palavras, a verdade existe para
iluminar nosso caminho interior e remover o gesso das consciências.
Quantas pessoas, por se afirmarem verdadeiras, usam das
palavras para massacrar, humilhar e ofender, semeando à sua volta sofrimento e
rancor. Ao agirem assim, acabam se tornando vítimas de agressões mentais que,
por vezes, perduram por toda uma vida e além dela, gerando graves problemas de
relacionamento, e até mesmo retrocedendo ou impedido o seu próprio progresso
espiritual. Sempre que proferimos injúrias, impropérios, e imprimimos em nossa
comunicação emoções alteradas, estamos nos sintonizando, por afinidade
comportamental à consciências e energias daninhas e malsãs, o que vem a agravar de forma muito complexa e
muitas vezes por um longo período, o processo evolutivo pessoal e humano,
gerando karma pessoal e coletivo.
A palavra, por si só, é apenas
meio de comunicação. Os sentimentos com os quais a revestimos é que lhe dão o
poder de esclarecer, consolar e criar, ou destruir, magoar e ferir. Dependendo
da inflexão que damos às nossas palavras, elas podem causar efeitos que não
desejamos. Jesus, profundo conhecedor dos sentimentos humanos, sabia a força
das palavras, ao afirmar: "Que as tuas palavras sejam sim sim, não
não!".
Toda
palavra e conhecimento devem ser proferidos com sinceridade, porém, também
carregados de amor e respeito pelo próximo. Aos nos tornarmos conscientes dos
perigos em utilizá-los indevidamente, podemos aprender a nos tornar mais
previdentes, começando por gerenciar nossas emoções com maturidade, aprendendo
como e quando falar, e quando se calar.
Exercitar a tolerância, o autocontrole, a amabilidade nos tratos com os
demais deve ser uma prática diária. Isto não nos torna fracos. Ao contrário,
somos fracos quando não reconhecemos em nós mesmos nossas falhas de
comportamento, e acabamos agindo com os outros de forma agressiva, por simples
ignorância e temor em nos auto enfrentar. Aprender a nos comunicar é etapa
importantíssima no processo de autoconhecimento, de autoconsciência, autoajuda
e consciência holística.
Por Cristina Lessa Cereja